12.12.09

A exclusão digital ainda é um fantasma?

"En la práctica, dos tercios de la humanidad, contando los países pobres, están ya conectados. Esto quiere decir que la brecha digital se está cerrando."
A resposta do catalão Manuel Castells aos leitores que o estrevistaram no site da BBC Mundo, no final do mês passado sacramenta uma revisão analítica da revolução digital, daquele que é considerado pelo The Economist o primeiro e mais importante filósofo do ciberespaço, o principal pensador da Era da Informação e da Sociedade de Rede.
Em A Galáxia da Internet (2001), sua obra mais difundida, Castells chamava a atenção para a exclusão digital, sob o argumento de que as interações virtuais e online poderiam gerar isolamento. E apontava o acesso à Internet como superação das desiguadades nuna sociedade "cujas funções e grupos sociais dominantes organizam-se cada vez mais em torno da Internet".


Manuel Castells, por Isabelle Levy

A trilogia de Castells - A Era da Informação: economia, sociedade e cultura (1999) hoje criticada, ainda é reconhecida como uma obra de leitura essencial.
Em seu discurso atual Castells diz que, mesmo que de maneira condicional, há uma igualdade de condições de acesso na comunicação e na informação. "A exclusão digital ainda existe em termos de acesso, mas é relativa e está desaparecendo rapidamente", afirma.
Po que trago a análise revisitada de Manuel Castells sobre a revolução digital e o futuro da Internet?
Porque nesta semana o anúncio do Ministro Guido Mantega da isenção de tributos para a compra de computadores pela rede de ensino pública foi cercado de polêmica.
O governo brasileiro está retirando a incidência do IPI, PIS, Cofins e Imposto de Importação esperando, com a medida, acelerar o processo de informatização da rede de ensino público no país e ampliar o acesso da população à tecnologia da informação.
Houve gritaria. Daqueles que acham a iniciativa politiqueira, eleitoreira e não-funcional, considerando a falta de infraestrutura das escolas públicas e de outros que se sentiram preteridos porque esperavam prioridade de incentivos para a compra de seus computadores pessoais.


Foto: Google Imagens

Entretanto, o mesmo anúncio propõe a extensão da MP do Bem que, hoje, isenta de tributos computadores de até R$ 4.000,00 e que, portanto, promove um incremento na produção e nas vendas de computadores, atendendo às pessoas físicas.
A avaliação da Abinee (Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica) estima que em 2009, o Brasil totalize 12 milhões de computadores comercializados e prevê um crescimento de 20% a 25% para 2010 com o programa. Sem ele, o mercado avançaria aproximadamente 5%.
É preciso cuidado quando falamos em inclusão digital no Brasil, mas é inegável as iniciativas positivas para democratização do acesso à rede. Claro, o caminho a ser percorrido é enorme, mas qualquer ação que possa, minimamente, promover a interação da população com as tecnologias de informação deve ser bem-vinda.
Como tudo, elas estão aí para o bem e para o mal. Há o mau uso e os cibercrimes, mas as possibilidade de ampliar os horizontes com mais educação e cultura são infindas. O momento é da crença no melhor caminho e refletir sobre a consideração final de Castells:
"Até agora estávamos uns nas trevas e outros na luz. A partir de agora estamos todos ali nas sombras e aí vamos ver quem ganha".

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