26.11.09

Publicidade de causas públicas e publicidade comercial: diferenças

Riquíssimo conteúdo nas conferências do professor Eduardo Camilo, da Universidade da Beira Interior, Portugal, no curso "A Publicidade na Comunicação e Cultura Contemporâneas", promovido esta semana na Facom/UFBA.
Provoquei o professor Camilo a falar um pouco mais sobre algumas temáticas abordadas e o resultado é uma série de vídeos - sorry, eu mesma gravei - que, entendo, são importantes para reflexão dos atores da Comunicação, sobretudo para aqueles que trabalham com a publicidade voltada para as causas sociais.
Aqui vai o primeiro. Acompanhem que até a semana que vem eu vou colocando os demais.



A Publicidade na Comunicação e Cultura Contemporâneas 1 from Tereza Barretto on Vimeo.

22.11.09

A tribo Surui e seus smartphones

Vídeo do domingo: o uso dos smartphones pela tribo Surui,  da Amazônia.
Os aparelhos são equipados com o Android, do Google, e podem arrecadar USD 16 millhões em créditos de carbono.
Mérito do cacique Almir, qur trouxe para sua tribo o conhecimento das mídias digitais, em parceria com o Amazon Conservancy e com o Google Earth Outreach.
Esta experiência prova que não há paradoxo entre o uso das tecnologias e a preservação da Cultura e da Floresta. Pelo seu trabalho o cacique Almir acaba de receber o prêmio Google Earth Hero.



18.11.09

Novas terminologias para antigos conceitos


Foto extraída do site www.dzai.com.br

Convivi por um tempo com uma gerente de marketing de um grande grupo de varejo que tinha a insuportável mania de americanizar seu discurso. Até em uma conversa coloquial, em dez palavras nove eram expressas em inglês. A coisa era  tão crítica que me obrigava a decorar os termos na hora pra consultar depois. O que ela mais usava era "below the line" e, por isto, este ficou sendo o apelido da moça, como piada interna no trabalho.
E mais: passei a adotar a expressão para tudo onde se inventa um estrangeirismo ou uma nova terminologia para velhos conceitos. Há uma mania já instituída no mercado de Comunicação ou nas searas acadêmicas de se transformar palavras consolidadas nos dicionários e de significados explícitos, em "novas" nomenclaturas, a cada vez que se escreve um livro ou se dá corpo a uma determinada ação ou estratégia mercadológica. A Internet é um prato cheio pra isto. Para as expressões "below the line".
Acabei de ler Do Broadcast ao Socialcast, coletânea organizada por Manoel Fernandes e me detive no excelente texto de Marcelo Coutinho, que retoma e insere na discussão sobre redes sociais um termo antigo, mas aplicável a muitos dos fenômenos atuais: Convergência. Digo antigo porque, no campo das Ciências da Comunicação não é de hoje que vem sendo utilizado quando se fala em mídias contemporâneas e tecnologias digitais de informação e comunicação.
Em um artigo para a revista Verso e Reverso, da Unisinos, os pesquisadores Elizabeth Saad (ECA-USP) e Hamiton Corrêa (FEA-USP) definem com muita propriedade o termo quando aplicado a ambientes midiáticos, ressalvando a ambiguidade da palavra em diferentes contextos.
Os autores partem do trabalho de Gracie Lawson-Borders, da Kent University, que conceitua convergência como “um conjunto de possibilidades decorrentes da cooperação entre meios impressos e eletrônicos na distribuição de conteúdos multimídia por meio do uso de computadores e da internet”.
Isto basta para a minha compreensão, corroborando com Saad e Corrêa, que entendem que "computadores e a rede são as fontes agregadoras de conteúdos gerados por diferentes meios, a exemplo do rádio, da TV e dos meios impressos; e distribuídos em diferentes plataformas como conexões sem fio, cabos e satélites. Computadores e internet são os elementos determinantes, ou o espaço de configuração da convergência".
Bom, dito isto alguém me explique porque cargas d'água termos como Social Shopping e Social TV estão sendo cunhados como as últimas novidades das estratégias em mídias sociais, vedetes da Internet, a ponto destas tereminologias serem chamadas de novas mídias. Tanto uma coisa quanto outra não passam da convergência de meios e estratégias, no meu modo de ver. Por que é preciso dar nome ao que já se insere numa expressão consolidada e facilmente compreensível?
Em menos de uma semana a mídia mundial especializada em redes sociais tratou dos dois assuntos como grandes novidades. O Social Shopping nada mais é do que a fusão das redes sociais com as compras online, como as promoções do Twitter em tempo real, por exemplo. Não parece um caminho óbvio, considerando o crescimento dos modelos de interação na rede?
Por que não considerar que há uma convergência das redes sociais com o comércio eletrônico? Isto é naturalização de processos.
No segundo caso a nova expressão é ainda mais questionável. Três exemplos da Social TV foram divulgados com o mesmo alarde: um novo formato comercial da ESPN, que passou a oferecer a seus anunciantes o patrocínio de páginas da web que reúnem tweets de diferentes personalidades associadas ao canal; a transmissão de tweets de telespectadores de um programa da rede TBS em telões na Times Square e; finalmente, a liberação de acesso a um site de conteúdo exclusivo através do Twitter de um talk show da Warner Bros.
Francamente tudo isto, para mim, não passa do curso natural das coisas a partir de novos formatos da comunicação. Ou seja, na medida em que a audiência dos meios tradicionais migra para as redes sociais e estas sedimentam uma forma de relacionamento participativo e colaborativo, nada mais óbvio e "estratégico" do que a convergência das linguagens dos dois planos. Onde é que está o diferencial que merece uma terminologia a cada semana?
Desta forma vamos partir para a Social Radio, Social Newspaper, Social Out-of-home e Social Bathroom - para aqueles que costumam atualizar blogs e tweets no banheiro.

16.11.09

Numa ilha, mas com Internet sem fio


Ilha Suspensa VIII - Manuel Martins, 2009

Tenho pesquisado na teoria e na prática a questão da naturalização das tecnologias digitais e a incorporação da chamada cibercultura ao modo de vida de qualquer mortal. Defendo que a expressão já deu. A forma como se usa celular, Internet - e deste ambiente, as redes sociais - é, para mim, uma extensão natural da ação cotidiana.
A evolução das coisas é contínua. E a cultura é, sim, mutável. Deste modo, as "novas tecnologias" só são novas até o momento em que o acesso e o uso são restritos. A partir do rompimento destas barreiras passam a fazer parte do dia-a-dia, na medida do interesse de cada um. E, no contexto, tem lugar uma nova forma de se relacionar - ou não - com o outro.
No tema insere-se uma discussão que, só na semana passada vi em três frentes: nas palestras de Wagner Fontoura, estrategista de mídias sociais da Riot, no blog do Ian Castro, Intermídias e no blog do Alex Primo.
As perguntas-chave: As redes sociais estão isolando os homens? A Internet prejudica as relações sociais?
Respondo que não e não. E reitero o comentário que fiz no post do Intermídias.
A Internet é muito mais um ambiente de aproximação do que de isolamento. As redes sociais mantém um intercâmbio de informações entre pessoas que nunca se viram mas que podem, sim, ser íntimas por afinidades. E estas relações podem estreitar-se a ponto de ampliar os círculos de amizade fora da rede.
Ou, ainda, resgatar antigas relações, perdidas pelo mundo e que se reencontram no ciberespaço.
Então vou deixar de papear sobre o tempo com meu vizinho pra trocar informações profissionais no Twitter? Possivelmente, sim. Porque o tempo é curto e nunca tive o hábito de conversar na porta com meu vizinho. E isso vem de muito antes da Internet existir. O que não quer dizer que vou deixar de cumprimentá-lo no elevador ou na garagem para me entreter com o smartphone.
Do mesmo jeito vou saber sobre a saúde da minha tia que mora a 1500 km ou do acidente de carro da minha sobrinha que mora em Massachusetts, em tempo real, porque ambas estão no Orkut e no Msn como eu.
Questões de ordem social associadas ao comportamento individual ou coletivo das pessoas, a exemplo de timidez, introspecção, formação de tribos, compulsão, isolamento na família, na escola e no trabalho sempre estiveram aí e, de certo modo, já se intensificavam quando agregadas a outros fatores da bendita contemporaneidade - odeio o termo.
Pressa, competição, estresse, individualismo, perda de valores éticos e outros já vinham, há tempos contribuindo para fragilizar as relações afetivas e sociais, com ou sem redes na Internet e outros suportes tecnológicos da comunicação humana.
Tudo é, portanto, uma questão de filtro, de escolha. Em maior ou menor grau. A vida está aí com tudo: com vizinhos, família e amigos longe e perto. Há aqueles que querem mudar o cenário - o seu próprio - usando a tecnologia a seu favor. Há aqueles que não querem, ou não podem, usá-la.
E há aqueles que, mesmo com todo tipo de suporte em mãos vão preferir o isolamento em detrimento às relações sociais.