10.12.09

Dengue: o discurso público e o discurso midiático

A cena que acabo de assistir na novela Viver a Vida (Rede Globo), de Manoel Carlos, me remeteu imediatamente às palavras do professor Eduardo Camilo sobre a sensibilização do público alvo nas campanhas publicitárias de causas públicas.
A personagem principal, Helena (Taís Araújo) comenta que a Dengue está na ordem do dia para "desviar a atenção" da população aos escândalos do governo.
Não estou aqui pra empurrar a sujeira pra baixo do tapete e ignorar a corrupção em moto-contínuo dos poderes públicos no Brasil. Mas é fato, também, que a Dengue é um problema seríssimo - os números caíram em 2009, segundo o Ministério da Saúde, mas continuam assustando.
No primeiro semestre foram quase 400 mil casos (notificados) no país. Na Bahia, mais de 100 mil até agosto, sendo 2 mil do tipo grave da doença.
Os vídeos abaixo, trechos da entrevista gravada por mim com o professor Camilo (Universidade Beira do Interior, Portugal) durante suas conferências na Faculdade de Comunicação da UFBA trazem duas questões fundamentais, quando tratamos da comunicação para sensibilizar e provocar o público à ação: a ineficácia das campanhas pontuais, pautadas apenas por meios de comunicação de massa - sem interpessoalidade - e a necessidade do discurso cognitivo e emocional. 
Em outras palavras, a co-responsabilização da população no caso da Dengue é necessária e a prevenção deve ser sistemática, com uso de múltiplas ferramentas de interação de maneira planejada.
Não se nega a apropriação do problema no discurso político. Mas não se pode desconsiderar a importância do discurso e da ação da comunicação, em publicidade ou em mídia espontânea, para que a população esteja cada dia mais consciente e faça o seu papel no combate à doença.
É disto, me parece, que deveria falar a protagonista da novela de maior audiência da TV brasileira.







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